Há dias e dias...

domingo, 8 de abril de 2012

A poesia do meu dia

(Pulei a casual introdução)

Definitivamente, isto é uma nova fase na minha vida. Não tenho mais como negar que tudo mudou, as pessoas mudaram, a rotina mudou, os costumes mudaram, etc... Mas, ao mesmo tempo que não vou dizer que não tenho saldades, posso afirmar que tenho uma visão muito mais positiva sobre o mundo.

"Inconstância das coisas do mundo!
(Gregório de Matos Guerra)

Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tritezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmesa,
Na formosura não se dê constancia,
E na alegria sinta-se a triteza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na incostância.

"Gasto"cerca de 4 horas todos os dias indo e voltando da faculdade... Alguns achariam que isso é um absurdo, mas eu discordo prudentemente disso. Não concordo porque não acho que sejam 4 horas gastas, mas sim investidas para que eu possa viver a realidade. O que quero dizer é que posso ver todos os rostos cansados dos trabalhadores, posso dar mais valor ao mais arbitrário objeto, enfim, posso reconhecer melhor onde vivo.


"Poema de sete faces
(Carlos Drummond de Andrade)

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."

Contudo, é importante que todos aqui saibam, o mundo é um lugar perigoso. Este mundo (mundo vasto mundo) está cheio de perigos que nos espreitam, cheio de falsidades (MÁSCARAS), más intenções, etc... É preciso cuidado.

"Mal Secreto
(Raimundo Correa)

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!"

Observem ainda mais uma coisa. Quanta loucura nesse mundo... Minha teoria é que as pessoas andam muito extressadas, muitos ocupadas e por isso ficam loucas. É triste perceber que as pessoas, além disso, não mais enlouquecem por amor, que isso já é coisa de filme, novela, fantasia! Aaah... Como eu queria um amor assim...

"Ismália
(Alphonsus de Gumaraens)

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."

Essas são só algumas poesias...

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